O mundo todo passa por graves problemas causados pela crise climática, que está sendo discutida internacionalmente. O Brasil tem um grande papel neste cenário internacional pois representa uma potência mundial em termos de energias renováveis e potencial sustentável. Porém, a questão além de ambiental, social e política é também econômica. E é importante que o país se posicione como potência, de fato, na dianteira desta nova economia, oriunda das fontes renováveis e do desenvolvimento sustentável.
No cenário brasileiro, as condições climáticas do país favorecem a geração de energia elétrica por fontes renováveis, como eólica, solar e hídrica. Contudo, a produção atual de hidrogênio permanece concentrada nos setores tradicionais de petróleo e fertilizantes, utilizando métodos que geram emissões consideráveis de CO2.
Apesar disto, o uso das energias renováveis tem sido cada vez mais discutido e não parece ser um assunto que vai ser deixado de lado. Pelo contrário, está em franca expansão pois os efeitos reais da crise climática estão por toda a parte, são assunto diário em todo o mundo e precisam ser levados a sério.
Por isso, alinhado a uma tendência global, o Brasil finalmente voltou a participar dos grandes debates mundiais e no que diz respeito à sustentabilidade, tem assumido uma posição de liderança, cobrando investimentos e comprometimento de grandes potências e países que têm grandes responsabilidades na emissão de gases de efeito estufa. É importante lembrar também que o hidrogênio verde faz parte de toda uma cadeia produtiva chamada economia circular, que abraça outros movimentos voltados ao desenvolvimento econômico sustentável.
A produção de hidrogênio se dá por meio da reforma de gás natural, conhecido como hidrogênio cinza. No entanto, à medida que a conscientização ambiental cresce e a busca por soluções sustentáveis se intensifica, vislumbra-se uma transição para o hidrogênio verde, ancorado nas abundantes fontes renováveis brasileiras.
O hidrogênio verde é obtido por meio da eletrólise da água, utilizando eletricidade gerada a partir de fontes renováveis, como a solar e eólica. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a eletrólise é um método promissor para a produção de hidrogênio de baixo carbono, sendo uma alternativa sustentável ao hidrogênio cinza, que é produzido a partir de gás natural.
A AIE destaca que a produção de hidrogênio verde é fundamental para a descarbonização de setores difíceis de eletrificar, como a indústria pesada e o transporte de longa distância. Além disso, relatórios da Agência Europeia do Ambiente (EEA) e da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) ressaltam a importância
do hidrogênio verde na transição para uma economia de baixo carbono.
Nos últimos três anos, a demanda por hidrogênio de baixo carbono cresceu mais de 10% em países como França, Índia, Reino Unido, Japão, Estados Unidos, Alemanha e Suécia, conforme indicam dados de uma pesquisa. O Japão, por exemplo, planeja alocar aproximadamente US$2,3 bilhões para desenvolver a importação e a cadeia de suprimentos de hidrogênio verde, segundo artigo do MIT Sloan Management Review.
O governo belga também está investindo no setor, destinando € 95 milhões (cerca de US$ 100 milhões) para a construção de uma rede de dutos de hidrogênio e CO².
Nos Estados Unidos, o Departamento de Energia iniciou um programa de US$ 8 bilhões para desenvolver uma rede de hubs para a produção de hidrogênio limpo. Essa rede visa conectar produtores de hidrogênio, consumidores e infraestrutura local.
E o mercado de hidrogênio verde não para de crescer e gerar interesse. Recentemente, a União Europeia (UE), confirmou apoio para construção de usina de hidrogênio verde em Parnaíba, no litoral do Piauí. O objetivo é gerar energia sustentável com um projeto que é um dos maiores do mundo. O anúncio foi feito na Semana Europeia do Hidrogênio, em que o governador do Piauí, Rafael Fonteles, foi um dos palestrantes. Realizado em Bruxelas, o evento é considerado o mais importante do mundo relacionado ao tema.
O aumento da produção e utilização do hidrogênio verde é estratégico para atingir metas ambientais globais.
Relatórios da Agência Internacional de Energia apontam que o hidrogênio tem um papel crucial na descarbonização e diversificação da matriz energética global, contribuindo para limitar o aumento desenfreado da crise climática.
Assim, a expansão do hidrogênio verde representa não apenas uma solução tecnológica inovadora, mas também um passo concreto em direção a uma economia mais sustentável e resiliente, conforme destacado por diversas organizações internacionais especializadas no tema.
O mercado de combustíveis está passando por transformações notáveis, com um aumento significativo no interesse por fontes de energia mais limpas e renováveis. Essa tendência global em direção à descarbonização era impulsionada por metas ambientais ambiciosas e pela crescente preocupação com as mudanças climáticas.
No mês de setembro, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, o Brasil atingiu um marco significativo ao ultrapassar a marca de 7 gigawatts (GW) de capacidade instalada em 2023. Os dados revelam que foram inauguradas 208 usinas ao longo do ano, totalizando 7.136,5 megawatts (MW).
As plantas eólicas e solares representam expressivos 89,2% da capacidade instalada no ano, somando 6.366,3 MW. As usinas inauguradas em 2023 estão distribuídas em 18 estados de todas as regiões do Brasil. Os estados de Minas Gerais (1.815,7 MW), Rio Grande do Norte (1.778,5 MW) e Bahia (1.775,3 MW) lideram em capacidade instalada.
No cenário de setembro, o Rio Grande do Norte apresentou o maior crescimento, com um salto de 114,0 MW, seguido por São Paulo, com uma expansão de 40,1 MW.
Os números otimistas na capacidade instalada de energia renovável no Brasil em 2023 refletem o comprometimento do país com fontes limpas e sustentáveis. A liderança de estados como Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Bahia representa o potencial diversificado e a disseminação da geração de energia renovável em diferentes regiões.
O destaque para eólicas e solares reforça a transição para fontes mais limpas e a contribuição positiva para a matriz energética nacional. O salto significativo em setembro, especialmente no Rio Grande do Norte, sublinha a dinâmica crescente desse setor e a relevância contínua das energias renováveis no panorama energético brasileiro.
Hidrogênio verde e desenvolvimento tecnológico: tendências
No contexto do desenvolvimento do hidrogênio verde e do investimento em tecnologias, a tecnologia desempenha um papel crucial para impulsionar a eficiência, a segurança e a inovação nesse setor emergente. O hidrogênio verde, produzido por meio de fontes renováveis, como a solar e a eólica, demanda soluções tecnológicas avançadas para otimizar a produção, armazenamento e distribuição desse recurso energético.
A Internet das Coisas (IoT) assume um papel estratégico ao permitir a interconexão de dispositivos e sensores em toda a cadeia de produção de hidrogênio verde. Sensores inteligentes podem monitorar e controlar variáveis críticas, como a eficiência dos eletrolisadores e o desempenho das plantas de produção, garantindo uma operação mais eficiente e sustentável.
Além disso, a Inteligência Artificial (IA) torna-se cada vez mais relevante no desenvolvimento do hidrogênio verde. Algoritmos avançados otimizam processos de produção, preveem falhas em equipamentos, e aprimoraram a gestão energética, contribuindo para a maximização da eficiência e a redução de custos.
A sinergia entre a IoT e a IA possibilita a criação de sistemas integrados e autônomos, capazes de tomar decisões em tempo real com base em dados precisos e em tempo real. Essa abordagem tecnológica não apenas impulsiona a produção de hidrogênio verde, mas também promove a sustentabilidade e a competitividade no cenário global.
Estas tecnologias impulsionam a eficiência operacional, mas também desempenham um papel fundamental na transição para uma economia mais sustentável, alinhada aos objetivos de descarbonização e ao crescimento de fontes de energia renovável.
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